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segunda-feira, 18 de maio de 2015

Museu de Arte de São Leopoldo - CONCEITO E ESBOÇOS

O conceito é uma das ferramentas usadas para criar uma boa arquitetura. 
Um museu, por se tratar de um edifício especial na paisagem da cidade, acaba se tornando um ícone, uma representação do lugar para o restante do mundo.
O conceito tem como objetivo fazer com que projeto se torne essa referência icônica.
Se tal resultado é atingido com sucesso, museu e lugar passam a ser um só, não sendo possível existir um sem o outro.



Projetar um museu de arte para a cidade de São Leopoldo é o tema da disciplina de Atelier de Projetos IV, do curso de Arquitetura e Urbanismo da Unisinos. A matéria é ministrada pelo Professor Ronaldo Ströher.

Pela primeira vez no curso, os alunos projetam um edifício de mais de 8.000 m². E para esse semestre o conceito no projeto passa a ser trabalhado mais seriamente.
Após aulas expositivas sobre o tema dos museus, abrangendo desde o surgimento dos gabinetes de curiosidades e coleções particulares até o estudo de projetos de diversos arquitetos, foi realizada a visita ao terreno onde o projeto deveria ser edificado. O terreno se localiza próximo ao centro da cidade, na divisa entre o trajeto do trem e o leito do Rio dos Sinos. Ao contrário dos semestres anteriores onde era cobrado na apresentação, o estudo do terreno e seus condicionantes físicos e sociais foi feito de forma particular por cada aluno.

Antes de iniciar um projeto é interessante determinar um conceito. O conceito é uma ferramenta para auxiliar no processo de criação. Toda a ferramenta, como um software CAD, um programa de modelagem 3D ou um material de desenho profissional, por exemplo, deve ser dominada pelo projetista, de outra forma ela acaba atrasando o trabalho ou confundindo as decisões. Nesses casos, a ideia do conceito precisa ser abandonada para se adotar outros métodos já conhecidos de projetar, como a análise mais detida dos condicionantes do terreno para adotar as melhores orientações de acordo com a insolação, o tráfego de veículos, etc.


Durante a análise dos projetos de referências, o projeto analisado foi o Museu Kiasma, do arquiteto americano Steven Holl, edificado na cidade de Helsinki, na Finlândia. A forma como o arquiteto trabalhou o conceito em cada detalhe do museu serve como bom exemplo pela simplicidade e clareza. Assim, para aproveitar o aprendizado dessa análise, o projeto do museu de arte de São Leopoldo precisava contar com o uso da ferramenta conceito. O projeto do museu Kiasma pode ser conferido nos links abaixo:


Quanto à escolha do conceito, existem vários métodos para definição do mesmo. Para alguns arquitetos e artistas ele simplesmente surge como inspiração, sem uma explicação lógica. Para outros é necessário utilizar uma forma mais analítica para definí-lo. Dentre esses métodos cabe ressaltar o estudo da história do local de implantação do projeto ou a história da tipologia a ser construída, tentando extrair desse estudo palavras chaves ou fatos que venham a servir de inspiração para o conceito.

Na disciplina de Práticas Urbanas I, foi ensinado um método baseado em imagens, o que se mostrou muito eficaz para o tema do museu de arte. Esse sistema consiste em um passo-a-passo simples:

1 – Visita-se o local de implantação do projeto, permanecendo algum tempo no local, observando e fazendo anotações sobre as sensações e rotinas da área. Convém, sempre que possível, visitar o local em outros horários do dia ou da semana, assim se adquire um conhecimento mais completo.

2 – Após essa visita e o registro das sensações, deve-se procurar uma palavra que resuma o sentimento de estar no local.

3 – Com essa palavra ou expressão, deve-se procurar uma imagem que expresse essa sensação ou sentimento. Uma imagem consegue transmitir sensações que palavras não têm capacidade. Essa imagem ajudará a achar a inspiração para o conceito.

Aqui está o resultado desse processo:

CONCEITO PARA O MUSEU

SENTIMENTO DE ESTAR NO LOCAL DO MUSEU DE ARTE DE SÃO LEOPOLDO:

FINAL – Final da cidade. O lote está localizado no canto do coração da cidade, no final de duas vias principais de acesso.  Os trilhos do trem limitam o crescimento urbano e deixam uma vasta área verde “inexplorada” do outro lado. O rio também funciona como barreira para o crescimento da morfologia do centro. O cruzamento entre os trilhos e o rio forma esse “canto” onde acaba a cidade.

ESCURIDÃO – à noite, quando as luzes da cidade estão acesas, o outro lado dos trilhos apresenta uma profunda escuridão. O céu noturno refletido nas águas do Rio dos Sinos proporciona a sensação de abismo de trevas. O fim de tudo possui a imagem da escuridão. Na escuridão não temos seguranças, apenas incertezas.

VASTIDÃO – A topografia plana do centro de São Leopoldo, contemplada do alto da ponte, mostra a vastidão do local.


ASSOCIAÇÃO DAS PALAVRAS

FINAL – O final é limitado com um MURO ou PAREDE que impede a passagem. Mas ao mesmo tempo oferece o desafio de transpassa-la. PAREDE também lembra superfície branca que convida a criação. As pinturas rupestres, primeira forma de arte humana, foram feitas em paredes de cavernas. Quadros e grafites são expostos em paredes. A parede branca remete a EXPRESSÃO, uma característica da arte.

ESCURIDÃO / VASTIDÃO – remetem ao sentimento de incerteza do que está por vir; o medo do que está além; e também a POSSIBILIDADES que surgem na sua exploração. Associadas com o FINAL, as palavras lembram o fim dos tempos, de um ciclo, e criação e surgimento de algo novo e incerto. O universo nasce da escuridão e do vazio. A arte é criada do caos de sentimentos e pensamentos ás vezes desconhecidos, da escuridão psicológica, do lado escuro da mente e coração humanos.




CONCEITO: A “PAREDE”


Parede define uma barreira que limita alguma coisa. Sem aberturas ela mantém algo oculto do nosso conhecimento. Ao transpor esse limite, um novo horizonte de incertezas e possibilidades se abre diante de nossos olhos. O Museu de Arte de São Leopoldo está localizado num canto formado pelo cruzamento da linha do trem com o Rio dos Sinos. Tanto os trilhos como as águas formam barreiras para o crescimento urbano da cidade. Tudo o que está do outro lado (bairros sociais e grande área verde) oferece todas as possibilidades de desenvolvimento e criação: a “tela em branco” dos pintores.

Parede também é a superfície onde as primeiras formas de arte da humanidade foram realizadas. As pinturas rupestres foram feitas em paredes de grandes rochedos e cavernas. A arte urbana usa os muros e paredes da cidade para o grafite, expressão dos jovens e artistas das periferias das grandes cidades. Museus de arte devem proporcionar a experiência artística para a população atraindo as pessoas para conhecer as obras e também incentivando o surgimento de novos artistas. A parede branca não distingue o artista famoso do grafiteiro da periferia, ela recebe seus sentimentos e pensamentos de forma igual.




Enfim, a parede oferece o desafio de transpassa-la e criar possibilidades. Além de chamar o artista à criação.



















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